Ling Shuang vem de uma família militar encarregada por gerações de defender as fronteiras de um império que não sobreviveu ao novo mundo gelado. No entanto, a herança ancestral e a destreza de sua família sobreviveram, especialmente em Ling Shuang, que se mostrou tão capaz como general atrás de um rifle ou de uma equipe de elite dos Lobos Vermelhos quanto diante de uma mesa de estratégia.

Ling Shuang incorpora muitas características respeitadas em um comandante: a disposição de liderar heroicamente pela frente, dando o exemplo, e uma tenacidade inabalável que suportou encontros extenuantes que derrotariam a maioria dos outros. Mas é seu talento para mudar o rumo da batalha, para livrar soldados de circunstâncias quase impossíveis, que lhe rendeu o status de lenda.

De fato, há momentos em que a beleza e o comportamento gentil de Ling Shuang provavelmente a favorecem contra inimigos que não acreditam que ela possa ser uma adversária à altura — mesmo contra os Lobos Vermelhos. Sua derrota esmagadora é um lembrete constante do preço da arrogância.

Até mesmo os soldados de Ling Shuang às vezes têm dificuldade em conciliar sua líder endurecida com a beleza glamourosa que ela apresenta sem uniforme de combate. No entanto, precisam conciliar. Mulheres uniformizadas não são tão raras quanto no Velho Mundo, embora certamente haja momentos em que Ling Shuang gostaria de ter desfrutado do tipo de vida disponível para outras jovens e abastadas. Mas não pode ser. Ling Shuang é uma soldada boa demais e, além disso, os laços do destino e da família tinham outros planos.

O pai e o irmão de Ling Shuang ficaram encarregados da cidade após o colapso da velha ordem mundial e, após anos de combate, passaram a compreender muito bem a nova terra e suas implicações gélidas. O pai de Ling Shuang pretendia manter originalmente a filha livre das duras realidades da vida militar. No final, Ling Shuang só aprendeu os rudimentos do combate porque seu irmão teve pena dela em meio a uma das frequentes ausências do pai. Dessa semente secreta floresceu um repertório impressionante que chocaria irmão, pai e toda a cidade, numa demonstração de genialidade tática que consolidaria a reputação de Ling Shuang como uma das maiores comandantes de todos os tempos.

A chance de Ling Shuang provar seu valor veio em um desastre. Um bando de traidores, insatisfeitos com a liderança de seu pai, sitiou a cidade enquanto seu pai e irmão estavam fora. Ling Shuang se viu encurralada por uma força muito maior fora da cidade, que espalhava rumores maliciosos de que seu pai já havia morrido. Suas perspectivas pareciam sombrias. Muitos argumentavam abertamente que os portões deveriam ser abertos aos traidores, na esperança de que uma rendição rápida trouxesse misericórdia.

Vendo que cada minuto que passava colocava suas forças em maior risco de rendição, Ling Shuang vestiu seu uniforme de comandante e levou as tropas restantes em um ataque surpresa contra o quartel-general dos rebeldes. Dizer que os rebeldes, que a essa altura já comemoravam a vitória, foram pegos de surpresa seria um eufemismo. Toda a sua força foi lançada em confusão e luta interna, enquanto os defensores de Ling Shuang retornavam para trás das muralhas sem sofrer nenhum arranhão, confiantes de que Ling Shuang poderia ser tão talentosa quanto qualquer um de seus ilustres antepassados.

Este golpe devastador deu aos defensores força para resistir até o retorno de seu pai e dos Lobos Vermelhos, momento em que o inimigo rapidamente caiu. O pai de Ling Shuang ficou surpreso ao descobrir que sua filha, de quem ele nunca havia esperado muito, foi o fator decisivo em sua vitória. Posteriormente, ele declarou que Ling Shuang teria para sempre um lugar à sua direita e trabalhou incansavelmente para transmitir toda a sua sabedoria a ela, razão pela qual Ling Shuang é hoje considerada um modelo de liderança e habilidade militar.